Economia
Volume de aplicações da poupança atinge marca inédita de R$ 500 bi
Em janeiro, depósitos superaram as retiradas em R$ 2,3 bilhões, diz BC.
Trata-se do melhor resultado para o mês em três anos, revela instituição.
Os depósitos de recursos na caderneta de poupança superaram as retiradas em R$ 2,3 bilhões no mês de janeiro, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (6) pelo Banco Central. Trata-se do melhor resultado para este mês desde janeiro de 2010 (+R$ 2,61 bilhões).
Com o ingresso de recursos em janeiro deste ano, junto com o rendimento creditado na conta dos poupadores, o volume total de recursos aplicados na mais tradicional modalidade de investimentos do país atingiu a marca inédita de R$ 500,8 bilhões em janeiro. No fim do ano passado, o estoque de recursos na poupança totalizava R$ 496,3 bilhões.
Mudança de regras
Os números do BC mostram que a caderneta de poupança continua atraindo investimentos mesmo com a mudança de formato de rentabilidade, feita pelo governo em maio do ano passado. A nova regra do governo atrelou o rendimento da poupança à taxa básica de juros da economia definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), para evitar que outras aplicações financeiras de renda fixa perdessem atratividade frente à poupança em função da queda do juro básico.
Os recursos depositados a partir de 4 de maio rendem o equivalente a 70% da Selic mais Taxa Referencial (atualmente zerada). Esse novo formato de rendimento da poupança foi aplicado, porém, somente quando a taxa básica de juros, definida pelo Banco Central, atingiu 8,5% ao ano – acionando o chamado "gatilho" para a mudança.
Com a Selic atualmente em 7,25% ao ano, no piso histórico, a rentabilidade da poupança está em 5,07% ao ano. Mesmo que a Selic mude ao longo do período mensal considerado, a taxa aplicável é a vigente na data em que se deposita, ou seja, a do início do período. Pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a poupança não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. Mesmo com a mudança do rendimento da poupança, a modalidade continuou isenta do Imposto de Renda, e os recursos podem ser retirados a qualquer momento.
Desempenho em 2012
Segundo levantamento da Economatica, a poupança ficou entre os investimentos com menor rentabilidade em 2012. Mesmo as cadernetas antigas, que continuaram com a remuneração fixa, renderam 6,47% no ano – menos que a inflação calculada pelo IGP-M, que ficou em 7,82%. O ouro liderou os ganhos entre investimentos no ano passado, com valorização de 15,26%.
Apesar da queda da rentabilidade da poupança, a modalidade atraiu recursos como nunca no último ano. Segundo informações do BC, os depósitos superaram as retiradas na poupança em R$ 49,7 bilhões no ano de 2012. Trata-se do maior valor já captado pela caderneta de poupança para um ano fechado desde o início da série histórica do Banco Central, em 1995.
Pequeno investidor
Mesmo com rendimento menor, especialistas avaliam que a caderneta de poupança ainda é uma boa opção de investimento para pequenos poupadores, para pessoas que buscam aplicações de curto prazo ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.
Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto, programa do governo de compra de títulos públicos pela internet, há cobrança do IR e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.
Brasil registra saída de US$ 2,38 bilhões em janeiro, aponta BC
Este foi o segundo mês seguido de retirada de dólares do país.
Com saída de divisas, ano de 2013 começa bem diferente de 2012.
Informações divulgadas nesta quarta-feira (6) pelo Banco Central mostram que a saída de dólares do Brasil continuou em janeiro deste ano, quando a retirada de divisas superou o ingresso de dólares no valor de US$ 2,38 bilhões.
Este foi o segundo mês seguido de saída de moeda norte-americana, visto que, em dezembro do ano passado, US$ 6,75 bilhões tinham deixado a economia brasileira. Deste modo, 2013 começou bem diferente do ano passado. No primeiro mês de 2012, o BC contabilizou o ingresso de US$ 7,28 bilhões no país. Os primeiros meses de cada ano geralmente se caracterizam por uma entrada maior de moeda estrangeira no Brasil.
Tradicionalmente, as empresas, e bancos, utilizam os primeiros meses de cada ano para realizarem captações de recursos no exterior. Nos quatro primeiros meses de 2012, por exemplo, US$ 25,3 bilhões ingressaram no Brasil.
Comportamento em 2012
Em todo ano de 2012, porém, a entrada de dólares no Brasil foi a menor dos últimos quatro anos. No ano passado, o ingresso de moeda estrangeira no país superou a saída em US$ 16,75 bilhões – uma queda de 74,3%, ou US$ 48,5 bilhões, em relação a 2011, quando a entrada de dólares foi de US$ 65,27 bilhões.
Conta comercial influenciou resultado
O fluxo cambial brasileiro possui duas contas: a comercial, na qual são fechados os contratos de câmbio para operações de exportação e importação; e a conta financeira – que inclui as demais operações, como os investimentos estrangeiros diretos e os recursos para aplicações financeiras, além das remessas de lucros e dividendos e empréstimos tomados no exterior, entre outros.
Os números do BC mostram que o fluxo comercial registrou saída de divisas de US$ 4,75 bilhões em janeiro deste ano. Ao mesmo tempo, foi contabilizado o ingresso de outros US$ 2,37 bilhões por meio da conta financeira no primeiro mês de 2013.
Impacto na cotação do dólar
A saída de recursos no país registrada no início de 2013, segundo analistas, teoricamente favoreceria a alta do dólar. Isso porque, com menos dólares no mercado, seu preço tenderia a ficar maior. No fim de 2012, o dólar estava sendo negociado a R$ 2,04. No fim de janeiro, foi negociado, porém, a R$ 1,99.
Isso acontece porque, mesmo em um regime classificado de "câmbio flutuante", o governo atua no mercado, influenciando o preço da moeda norte-americana. Até o fim do ano passado, o governo sinalizava que buscaria um dólar um pouco acima de R$ 2, para gerar competitividade para as empresas brasileiras, mas não acima de R$ 2,10 - o que poderia pressionar mais a inflação.
Para analistas, a queda do dólar é um sinal de que preocupações com a inflação começam a superar a promessa do governo de estimular as exportações. Em novembro, falando a uma plateia de empresários, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia afirmado que "o dólar acima de R$ 2 veio para ficar".
Para controlar o preço do dólar, o governo tem uma série de instrumentos. Além das compras e vendas de dólares no mercado à vista, o BC também pode operar no mercado futuro (por meio das operações de "swap" cambial tradicionais e reversas). O Ministério da Fazenda, por sua vez, pode utilizar as alíquotas do IOF para tentar controlar o ingresso de moedas no país.
Em janeiro, por exemplo, o Banco Central decidiu rolar contratos de "swap cambial" tradicionais. A rolagem foi interpretada como um sinal verde para a queda da moeda norte-americana porque estes contratos de swap tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro, foram oferecidos no momento em que o dólar já recuava ante o real.
Inflação para a baixa renda avança para 0,98% em janeiro, diz FGV
Indicador foi puxado por preços mais altos de hortaliças, legumes e cigarros.
Com o resultado de janeiro, o IPC-C1 acumula alta de 7,03% em 12 meses.
A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a inflação para famílias com renda de até 2,5 salários mínimos (R$ 1.695), acelerou para 0,98%, ante 0,76% em dezembro, informou nesta quarta-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV).
No mesmo período em 2012, o indicador subiu 0,86%. O indicador foi puxado por preços mais altos de hortaliças, legumes e cigarros.
Com o resultado de janeiro, o IPC-C1 acumula alta de 7,03% em 12 meses.
Ao contrário do que aconteceu nos últimos meses, a inflação para as famílias de baixa renda ficou abaixo da média, segundo a FGV. Em janeiro, o IPC-BR (das famílias com renda de um a 33 salários) registrou variação de 1,01%. Mas no acumulado em 12 meses, o IPC-C1 continuou acima da média geral, de 5,95%.
O avanço do IPC-C1 foi puxado principalmente pelo grupo alimentação, que passou de alta de 1,40% em dezembro, para avanço de 2,48% em janeiro; e despesas diversas, de 1,50% para 4,98%. Nesses dois grupos, as principais altas ocorreram em hortaliças e legumes (de 3,53% para 21,29%) e cigarros (de 3,18% para 9,79%).
Variações mais altas também ocorreram nos grupos educação, leitura e recreação (de 0,35% para 2,31%) e transportes (de 0,34% para 0,42%). Nessas classes de despesas, as maiores taxas foram registradas em cursos formais (de zero para 8,91%) e tarifa de ônibus urbano (de 0,07% para 0,85%).
Em contrapartida, houve taxas menores em três grupos: habitação (de 0,42% para -0,49%), vestuário (de 0,90% para 0,10%) e saúde e cuidados pessoais (de 0,42% para 0,19%). Nessas classes de despesa, as principais influências partiram de itens como tarifa de eletricidade residencial (0,72% para -5,24%), roupas (1,25% para -0,36%) e artigos de higiene e cuidado pessoal (0,33% para -0,30%), nesta ordem.
O grupo comunicação repetiu a taxa de variação da ultima divulgação, 0,03%. Os destaques em sentido ascendente e descendente foram: mensalidade para internet (zero para 2,89%) e tarifa de telefone móvel (0,07% para zero), respectivamente.